O Conselho Problemático de Marta Suplicy

Gozar na Tela




Com desgosto me lembro certa vez em que tive de dar ouvidos a mais uma defesa boboca das artes modernas. Quem faz arte, segundo quem se fez ouvir por minha boa vontade, precisa de liberdade libertina para compor suas obras. E pintar, ainda segundo tal voz, uma tela, por exemplo, não deveria ser algo regrado para quem lhe põe tintas mas sim praticar a pintura como quem goza na tela.

Pois é: gozar na tela. Todas as pessoas no recinto que me faziam companhia compreenderam imediatamente da conotação sexual ao ser o verbo gozar assim conjugado na frase. Não hei de desmentir tanto pois várias pinturas realmente se parecem com meros gozos de tinta por suas telas. Entretanto... Que desgosto!

Conseqüentemente penso no tantra. Tal tipo de sexo que quase ninguém ocidental pratica pois requer fazer amor sem orgasmo: portanto sem de tal tinta seus jatos. Ocidente desregrado sem gozos? E nossas obras artísticas: por onde vão ficar? Entretanto segundo quem o tantra defende sentirá mais prazer quem prolongar seus momentos de tesão e sustentar o gozo para ficar daquele jeito por um bom tempo.

Talvez as obras artísticas deem maior prazer estético quando bem executadas seguindo por vezes regras de composição? Creio que sim. Algo de sublime que perdura no tempo: que nem o gozo sustentado pelo tantra. Mas... Cadê paciência para sustentar qualquer coisa nas paragens com “insustentáveis levezas de ser”?

E tem algo mais. O tantra não se pratica só. Também é de recomendação praticar com seu bem amado somente. Que dizer então do divórcio? Das trocas de casais? Orgias? Bem... Os povos orientais realmente se mantêm fiéis enquanto praticam tantra? Não dá para praticar tantra só ficando mais tempo na “vibe” da sustentação do gozo? Não posso ser assim a gostosura do cabaré?

Vamos imaginar. Fico com tesão por mais tempo. Posso fazer gozar qualquer pessoal que vai no remelexo comigo pois jamais hei de baixar minha guarda... Que tal? Masturbações por altas horas até! Todos os sexos alcançar em orgia com o meu baita tesão... Ficar daquele jeito não só por um bom tempo mas quase todo tempo vem a ser um bom negócio?

São perguntas para serem questionadas nas peças de Zé Celso. Mas... Será que Seu Zé vem a ser assim um praticante do tantra por nossos dias? É guru: não se questiona. Mas exerce seu magistério pela força que toma do tantra? Tais questões já são metafísicas: envolvem iniciação e, portanto, práticas esotéricas que santificam as pessoas além das comuns nas religiões conhecidas.

Êta! Tem gente carola que por alto bom som avisa: masturbação faz mal. E já temos pesquisas científicas que tentam comprovar tal malefício! Ver pornografia? Também! Então quem vai ver Zé Celso se lascou! Cadê Ministério da Saúde nos advertindo deste mal? E Roberto Carlos com suas canções de deixar a calcinha babada?

Conclusão: rememoro Marta Suplicy. Seu conselho, depois de pensar eu tanto sobre gozo, não é dos mais claros. Em situações apertadas devemos relaxar e gozar? Estamos em crise... Com Dona Dilma portanto melhor é praticarmos o tantra para nós alcançarmos Críxena por suas alturas? Ou virarmos artistas com quintilhões de telas cada?

Bem... Arrisco responder. Entretanto com algo misterioso digno de livros esotéricos! A meta de nossa "presidanta" nos há de nortear.

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