Oração a Tabocas

 
Antes de pôr por extenso meu primeiro discurso cívico, proferido na minha querida Vitória das Tabocas, observação cumpre fazer.

Quem lê-lo deve ter em mente que sofreu três ou seis adaptações. Por questões burocráticas municipais ele não pôde ser proferido na praça defronte da Câmara de Vereança vitoriense, segundo planejei, mas no próprio Monte das Tabocas, lugar inaugural da Restauração Pernambucana.

Contudo preferi cá publicá-lo na preferência local originariamente prevista. Portanto vai como seria dito se fosse recitado debaixo do ser angélico que monumento vem a ser da praça sobredita.


Dias atrás estive com o nosso Tiro de Guerra no monte das Tabocas. E lá rezei para Nossa Senhora de Nazaré. De lá pude ver o Tapacurá por uma volta como que cercando tal monte. Subi por pedras altíssimas onde Fernandes Vieira tinha visão privilegiadíssima da paisagem. Desci para chegar à margem do já citado Tapacurá por onde Dias Cardoso transitava com intimidade de quem conhece bem por onde pisa. Com devoção pude sentir orgulho dos bons onde se gerou nosso sentimento de Pátria: também onde surgiu nossas forças armadas terrestres. É terra brasileira, também pernambucana, mas principalmente de nossa cidade vitoriense do glorioso pai Antão!

E lá, com os olhos de quem estuda para valer o seu passado, pude relembrar então inúmeras façanhas pernambucanas contra várias perversidades batavas. Contemplei do dia três em agosto pelos meados do século XVII boa parte da sua movimentação marcial. Pernambuco por trás dos tabocais a mandar uma saraiva de tiros nas hostes flamengas logo depois do sol a pino. Batavada caindo de madura para túmulos após atravessar o Tapacurá caudaloso de tempos chuvosos. E Fernandes Vieira com olhos atentos aos lances militares no ponto mais alto do monte. Pelo sopé Dias Cardoso vai no tabocal denso feito trincheira para deter o passo batavo.

Nós hoje tal dia relembramos aos pés angelicais deste monumento. Tal anjo da Vitória demonstra nossa gratidão aos céus pelo milagre que fez com que toda Restauração Pernambucana vingasse. Casa Forte não existiria sem Tabocas. Nem Guararapes! Tampouco da Campina do Taborda sua rendição. Nós vitorienses precisamos retomar a consciência de quão nosso torrão natal foi ventre não só nosso mas do Brasil: a consciência do rubro veio dado tanto por um altivo pelicano quanto por um destemido leão do norte. Não existe povo sem consciência de seu passado! Tal consciência para nós é doce pois é de passado glorioso.

Que viva portanto Tabocas! Em nossas mentes. Em nossos corações. Em nossas casas. Em nossos afazeres. Nas políticas diárias. Nas rezas cotidianas. Em tudo que fizermos. Cada dia que vivermos. Os exemplos seguindo de quem com seu sangue resgatou nossa liberdade de manter a nossa tradição a qualquer custo: de seguir assim os nossos queridos costumes. E jamais vilipendiar tal memória no mal exercício de nossa cidadania tanto pernambucana quanto brasileira. Tal memória custou suor ancestral e lágrimas: antes de tristeza mas depois, a partir deste dia três aqui comemorado, de felicidade. Mais outra vez repito: que viva Tabocas! Em tudo que fizermos. Cada dia que vivermos.

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