No Passo do Frevo

Praticar gestos imediatamente percebidos abruptos em mugangas, quase sempre por um aparente taco-taraco, mas expressados com movimentos enfim a buscar êxtases hagiográficos, determinam a base do passo de frevo que criativo baila tão original quão é a criação toda só divina.

Não há possivelmente dança contemporânea bem feita por além da frevada.

Tamanha capacidade de ser assim uma manifestação intensamente corporal atinge vários limites até da matéria num fervor confundível aos espasmos epilépticos. Porém, em ímpar arte que registra quão a beleza pode ser tátil por um arroubo pleno das anatomias humanas, é composição admirável a demonstrar o pulso de qualquer energia: palpável à contemplação que tão apaixonada por tanta performa deseja tomar para si todos os apetites de viver.

Quando se presencia tal espetáculo difícil é não sofrer o contágio de querer demais sem pudor algo que conseqüentemente tesão estará concebido só corpo nas suas inúmeras possibilidades de compôr ações anárquicas pois bacantes, olímpicas e, por incrível que possa parecer, espartanas até.

Baile de revolução sem qualquer dúvida!

De música que só pode ser orquestrada majoritariamente por metais. A fibra dos nervos terá de ser assim, em bailado tal, aço: porém a luz solar e tropical refletindo que nem uma turmalina. Do calor em tal exercício: vai ter obrigatoriamente de contagiar multidões. Contágio de triaga: veneno não. As olindenses são as melhores! Nas ondas do frevo todos os povos vibram quaisquer ardores humanos possíveis. Fervores a soltar o vapor supostamente maligno da revolução pernambucana. Supostamente pois em Pernambuco sempre vai se defender a verdade: mais nada. Verdade de se corporificar então belíssima! Tamanha verdade de se bem admirar em um espelho: por um brasão nassoviano debuxada.

Pernambuco dá suas passadas ao longo do tempo no compasso do frevo. Frevo de se dançar em chão de rua. Chão de povo. Seu paço se faz embaixo do povo. Sem limite de camarote. Só pelo traço das ruelas lindas d'Olinda. Das avenidas capitais do Recife. De tantas outras embebidas de sangue do braço guerreiro que luta por Guararapes ou Tabocas. De ser 10. Em 17. Por 24. Com 48.

Dança sabiamente democrática. Pode se dar com uma pessoa só. Também com miríades de miríades. "Uma só vem a ser mil se melhor": diz Heráclito.

Contudo jamais aristocrático Pernambuco vai deixar, igualmente, de ser. É frevo, meu bem, o passo do bloco lírico! Nas cordas e nos amores. Exalando saudade já por ainda na presença. Qualquer melancolia reflete. Também ensimesmando-se. Medita sua capacidade de muita coisa Pernambuco. Coisa muita? Não só. Melhor: quase tudo. Também o Ser Senhor compõe de pau-e-corda frevos para Nossa Senhora Maria Santíssima.

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