Discussões Trabalhistas

1.

Nós, seres humanos, temos, em suma, só dois tipos de deveres para cumprir: os para com a Divindade mais os para com os nossos semelhantes. Nosso mestre três vezes santo, por um incomparável magistério, seu feitio, quando vai reafirmar a lei judaica, diz: "Amar a Deus sobre todas as coisas e..."... Segue! Podemos relacionar, conseqüentemente, tal lei divina com os nossos deveres para com quem convivemos. Quais vão ser, então, esses tipos? Os para com o Ser por excelência serão os religiosos: ensinados "ex cathedra" primorosamente por Roma. Vamos nos aprofundar aqui nos segundos.

2.

Estes segundos se resumem no trabalho. Trabalho que mantém as condições humanas necessárias de sobrevivência mais o conforto salutar duma vida digna. Bem se faz observar agora que digo trabalho: não emprego. Quem faz poesia, por exemplo, trabalha. Sem tal lida nós ainda nem falaríamos! Nenhum desenvolvimento qualquer, inclusive, seria feito sem imaginação: imaginação essa bem expressa no canto de quem bem diz. Outros exemplos de trabalhos, desconsiderados hoje por mentes idiotas, as de preferir qualquer senso comum em detrimento da realidade, poderiam ser citados mas creio que basta ter um, ao menos por enquanto, só.

3.

Os empregos são distorções maléficas do trabalho: que nem as ideologias são caricaturas medonhas da religião. Evidente que pelo mundo no qual vivemos é difícil viver sem emprego. "Bem vês o mundo em que vivemos!"... Portanto, reféns daquilo que contraria por maior parte das vezes qualquer vocação, estamos, em consequência disso, bastante doentes e com saudade maior que de costume do paraíso.

4.

Nas ideologias destras os empregos são inúmeros mas ao bel-prazer de quem os dispõe barganhados. Jamais há preocupações além das de quem emprega! Nos tempos ditos medievos, diferentemente, famílias ou corporações, no coração de tradições seculares, dispunham vários trabalhos em vista também do bem comum e não só do bem particular de quem quer que seja. Tais instituições, em suas relações íntimas com quem tomava parte delas, propiciavam aderência das boas entre boa parte dos afazeres humanos, que se dispunham elas em ensinar até, com os diversos talentos naturais.

Nas ideologias canhotas, com exceção talvez das anárquicas, é pior pois obrigatoriamente qualquer criatura terá de bem exercer uma, duas ou, no máximo, três tarefas empregatícias só para desenvolver o suposto bem comum. E digo suposto pois já não é perceptível este no coração de tradições seculares ou milenares.

5.

Nenhuma tradição existe sem um bom funcionamento da sociedade que lha contêm. Diferente de quaisquer ideologias. O pragmatismo, digo melhor, a prática do fazer humano constrói bons móveis, boas fábricas, bons prédios ou bons institutos bastando simplesmente responder da melhor maneira possível as dificuldades imediatas. As mediatas seguem resolvidas, quase sempre, com base nas contrárias. Assim os seres humanos mantêm até nações a partir de suas posses, espirituais ou materiais, mais queridas! Tal sentimento de pertença, multiplicado nos corações humanos que compartilham as posses acima citadas, demanda por uma sociedade.

6.

Qualquer posse tem de ser querida. Não há posse se tal não estiver no coração. "Onde vai teu tesouro vai bem estar aí teu coração": diz o mestre sem outro. Nossas instituições públicas, por exemplo, só vão funcionar bem no coração do povo. Nada mais é que tradição aquilo que pode no peito da gente sobreviver. O liberalismo não enxerga tanto. Nem a conservalhada que manda trabalhar sem ao menos considerar um mísero talento sequer.

Evidente que todo trabalho tem seu quê de penoso. Castigo divino por sinal! Entretanto temos a parábola dos talentos que diz como devemos exercer nossos esforços terrestres pelos bens celestes. E suar faz parte da vida! Quer maior esforço que fazer amor? Ninguém em sã consciência porém deixará de praticá-lo com até constância religiosa.

7

Talvez, então, a vagabundagem só se tornou fato consumado na modernidade.

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