Tríptico do Rio Natal

Um Itapacurá formoso quero!
Com águas a banhar os meus amores.
Porém agora só me desespero
Na sua negra cor de maus odores.

Quem há de lhe limpar e com esmero?
De ser enfim a fonte dos favores
Aos corpos lassos que bem nus espero
Tomar de claras águas boas cores?

Um Itapacurá portanto canto
Tão doce que nem beijo de mulher.
Tão vivo quanto tudo que se quer!

Um Itapacurá portanto santo
Pois banha por Antão o seu poder
E banha de Maria seu querer.

+

Meu Itapacurá
Sem ninfas está.
Quem pode lho cantar
Em grã poesia?
Talvez Rildo de Deus...
Mas... Céus! Quem irá tomar
Qualquer melodia
Da vez poluída?
Do banho jamais feito?
Da sede mantida
Por um veneno perfeito?
Meu Itapacurá
Sem ninfas, infeliz então, está.

As náiades
Em goles,
Nos cálices
Das missas,
Tomavam, antonenses, dos seus azuis
Os anjos mais desnudos:
Apolos mais Afrodites.
Por ais e por uis
Brincavam sem parar nem com estudos
Pois todos estes são e só palpites.
Avós assim são tuas, Anaíra!
Vitória já foi sertão.
O corpo nu transpira...
Quer água e coração.

Meu Itapacurá
Sem ninfas está.
Quem pode lho dizer
Sem titubeio?
Com voz de só poder
Em seu meio
Bradar em pouco tudo?
Por ele corre sangue
De quem fez da verdade
Seu baluarte.

Minerva só com Hígia se banha bem.
As náiades ambas incensam.

+

O povo diz: "Tapacurá".
Porém o prefeito desdiz o povo quando diz: "Itapacurá".
Todavia Tapacurá também Itapacurá bem é:
Tanto faz então.
Por Antão!
O prefeito não é falante da língua tupi
Mas sim da portuguesa.

Deixe de frescura, senhor prefeito!

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